WC, Sociedade e Poesia
Go home G.W. Bush!
Em Frankfurt, nas casas de banho públicas, discute-se política internacional. Discute-se que é como quem diz… Escreve-se, em cada uma das portas, em cada uma das suas circunspectas quatro paredes. Em Paris as escrituras são menos ponderadas mas dentro do mesmo tema atómico: Política, desta vez nacional - Va niquer LePen!. Em Genebra não se fala de política nem de coisa alguma. As escrituras aí não existem, não pela neutralidade a que a nação Helvética se obriga, mas porque as suas casas de banho são esfregadas diariamente em quilos de detergente por mulheres-a-dias portuguesas. Em Bolonha não se consegue reflectir e muito menos escrever sobre coisa alguma. Se retirarmos a mão direita do apoio, para rasurarmos na parede qualquer grito de fúria ou simples ideologia, damos com os costados na sanita que mais parece uma base de chuveiro – Repito!, aquelas sanitas turcas não são nada apropriadas à reflexão. Em Barcelona não há tempo nem espaço para escrever. As suas casas de banho apresentam-se num sujo fresco, tipo discoteca, que, por melhor que possa ser um marcador de tinta permanente, é quase impossível escrever em tanta transpiração. Nem interessa. Em Espanha não se escreve; Fala-se como quem discute; Conversa-se como quem vende peixe; Debate-se como quem anda à porrada. Não há espaço para este tipo de literatura e escritura de casinha.
(Já que falo de sujo, o sujo espanhol é muito mais saudável que o sujo francês e menos acético do que a destilação suíça, é um sujo vivo contrapondo o sujo ressesso da França, o sujo consensual e preestabelecido da Alemanha e o sujo disfarçado da Itália. Já que falo de sujo, gosto do sujo espanhol.)
Em Lisboa também há discussão de casinha, o que à primeira vista até nem deveria ser completamente mau. O problema é que a discussão que por lá se pratica não é nada saudável, do meu ponto de vista, claro está. É uma discussão, no mínimo, esquisita. O "Procuro macho bem dotado" ou o "Procuro, com mais de 1.75 m, não peludos, para futuras intimidades" deixa os utilizadores de WC públicos em Lisboa, pelo menos as juventudes masculinas do Norte, perplexos. Eu, fiquei, atónito, confesso! Algo se passa. Das duas uma, ou ainda não chegaram à fase da política nacional e internacional, ou estão muito à frente nos tópicos de discussão em retretes públicas. Não quero nem saber, abominando a política, prefiro-a, a este mercado lisboeta e homossexual de casas de banho.
É isto que diferencia económica e socialmente dois países. O que se discute em cada uma das suas retretes. Andam estes economistas e sociólogos a fazerem análises rebuscadas, e onde apenas eles conseguem justificar algum tipo de correlação, quando está tudo, preto no branco, nas casas de banho públicas.
Em Portugal ainda se compra e se vende, tipo mercado municipal. Somos uns rústicos. As pessoas regateiam os preços: Quero, mas tem que ser bem dotado; Compro, mas prefiro com mais de 1.75 m e sem pêlos. Na Alemanha e na França há muito que abandonaram as leis da oferta e da procura. Aí discutem política, esse tema abjecto, no local próprio.
Antigamente tínhamos em Portugal um estado socioeconómico robusto e estável, essa era a razão porque podíamos ler poesia nas casas de banho: "Neste quarto comum toda a verdade se alaga, todo o cobarde faz força, todo o valente se c…". Isto sim era assunto. Isto sim, era a antecipação de um estado social e económico feliz e com pernas para andar.
Como Cristo expulsou os vendedores do templo torna-se imperioso alguém tomar uma atitude para afugentar esta escumalha das casas de banho públicas lisboetas. Já que não podemos escorraçar os políticos dos seus poleiros, mudemos um dos indícios da nossa miséria socioeconómica. Quero que a poesia volte e que o oásis do passado venha com ela. Só a poesia é capaz de trazer alguma luz a espaços tão pouco iluminados.
Em Frankfurt, nas casas de banho públicas, discute-se política internacional. Discute-se que é como quem diz… Escreve-se, em cada uma das portas, em cada uma das suas circunspectas quatro paredes. Em Paris as escrituras são menos ponderadas mas dentro do mesmo tema atómico: Política, desta vez nacional - Va niquer LePen!. Em Genebra não se fala de política nem de coisa alguma. As escrituras aí não existem, não pela neutralidade a que a nação Helvética se obriga, mas porque as suas casas de banho são esfregadas diariamente em quilos de detergente por mulheres-a-dias portuguesas. Em Bolonha não se consegue reflectir e muito menos escrever sobre coisa alguma. Se retirarmos a mão direita do apoio, para rasurarmos na parede qualquer grito de fúria ou simples ideologia, damos com os costados na sanita que mais parece uma base de chuveiro – Repito!, aquelas sanitas turcas não são nada apropriadas à reflexão. Em Barcelona não há tempo nem espaço para escrever. As suas casas de banho apresentam-se num sujo fresco, tipo discoteca, que, por melhor que possa ser um marcador de tinta permanente, é quase impossível escrever em tanta transpiração. Nem interessa. Em Espanha não se escreve; Fala-se como quem discute; Conversa-se como quem vende peixe; Debate-se como quem anda à porrada. Não há espaço para este tipo de literatura e escritura de casinha.
(Já que falo de sujo, o sujo espanhol é muito mais saudável que o sujo francês e menos acético do que a destilação suíça, é um sujo vivo contrapondo o sujo ressesso da França, o sujo consensual e preestabelecido da Alemanha e o sujo disfarçado da Itália. Já que falo de sujo, gosto do sujo espanhol.)
Em Lisboa também há discussão de casinha, o que à primeira vista até nem deveria ser completamente mau. O problema é que a discussão que por lá se pratica não é nada saudável, do meu ponto de vista, claro está. É uma discussão, no mínimo, esquisita. O "Procuro macho bem dotado" ou o "Procuro, com mais de 1.75 m, não peludos, para futuras intimidades" deixa os utilizadores de WC públicos em Lisboa, pelo menos as juventudes masculinas do Norte, perplexos. Eu, fiquei, atónito, confesso! Algo se passa. Das duas uma, ou ainda não chegaram à fase da política nacional e internacional, ou estão muito à frente nos tópicos de discussão em retretes públicas. Não quero nem saber, abominando a política, prefiro-a, a este mercado lisboeta e homossexual de casas de banho.
É isto que diferencia económica e socialmente dois países. O que se discute em cada uma das suas retretes. Andam estes economistas e sociólogos a fazerem análises rebuscadas, e onde apenas eles conseguem justificar algum tipo de correlação, quando está tudo, preto no branco, nas casas de banho públicas.
Em Portugal ainda se compra e se vende, tipo mercado municipal. Somos uns rústicos. As pessoas regateiam os preços: Quero, mas tem que ser bem dotado; Compro, mas prefiro com mais de 1.75 m e sem pêlos. Na Alemanha e na França há muito que abandonaram as leis da oferta e da procura. Aí discutem política, esse tema abjecto, no local próprio.
Antigamente tínhamos em Portugal um estado socioeconómico robusto e estável, essa era a razão porque podíamos ler poesia nas casas de banho: "Neste quarto comum toda a verdade se alaga, todo o cobarde faz força, todo o valente se c…". Isto sim era assunto. Isto sim, era a antecipação de um estado social e económico feliz e com pernas para andar.
Como Cristo expulsou os vendedores do templo torna-se imperioso alguém tomar uma atitude para afugentar esta escumalha das casas de banho públicas lisboetas. Já que não podemos escorraçar os políticos dos seus poleiros, mudemos um dos indícios da nossa miséria socioeconómica. Quero que a poesia volte e que o oásis do passado venha com ela. Só a poesia é capaz de trazer alguma luz a espaços tão pouco iluminados.
2 Bocas:
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definately worth thinking about...
you even give the portuguese the benefit of the doubt, wondering if they are behind or ahead of other nationalities...
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